terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Resenha: Noite em claro

São poucos os livros que li da Martha Medeiros. Na verdade, esse é o segundo livro que eu leio dela. Comecei a me aventurar pelas obras da autora quando uma amiga da minha mãe me emprestou Divã. Inicialmente, não dei muita atenção ao livro por ele ser pequeno e confesso que o julguei pela capa, por mais que eu seja uma grande admiradora dos famigerados livros de bolso. No final, quando peguei Divã para ler, acabei passando a tarde inteira no sofá da sala completamente envolvida pela história de Mercedes e com Noite em claro não foi nem um pouco diferente. Sinceramente, eu comprei esse livro pelo preço e acho que posso dizer que foram um dos R$5,00 mais bem gastos de toda a minha vida. É um livro curto, já que faz parte da Coleção 64 Páginas da L&PM, uma editora já famosa pelos seus livros pocket edition. Ontem, pouco depois da meia-noite, me bateu uma vontade súbita de ler alguma coisa e eu, sendo uma perfeita preguiçosa, resolvi desfrutar do menor livro que encontrei.
"Estava tudo silencioso e de repente o céu desabou. Na televisão disseram que esta chuva vai durar uma eternidade. Eu pensei em ler um livro, mas tive uma ideia melhor: vou escrever um livro."
Pensei seriamente que essa historinha não fosse me saciar, afinal, eu já havia lido o início e por mais que o tivesse achado interessante, não havia prestado tanta atenção na história quanto gostaria. Desta vez, acho que posso dizer que fui puxada para dentro do livro de tal maneira que eu só voltei à realidade quando terminei de lê-lo. É aquele livro que termina com um gostinho de quero mais. Basicamente, somos apresentamos à personagem de modo direto e logo somos avisados de que ela está passando a noite dos dia dos namorados longe do marido enquanto cai o mundo do lado de fora. Ela desabafa sobre o trabalho, a vida, sua primeira vez, além de demais acontecimentos do passado ao mesmo tempo em que beberica uma taça de champanhe acompanhada de ninguém mais, ninguém menos do que ela mesma.
"E no final das contas é tudo escuro, é sempre noite, e quase tudo é bobagem. A gente fica sozinho, bebe demais, lembra demais, pensa demais, bate em portas estranhas, há uma festa, a festa termina, não há final feliz ou infeliz, não há final, o dia amanhece, a chuva para, se aconteceu alguma coisa ou nada aconteceu, não faz diferença. Aos poucos a gente acostuma e se enxerga."
Ao ver de muitos, esse parece ser um plot bem fraco que acaba por se tornar algo grande quando bem elaborado e é isso mesmo que encontramos aqui: um plot fraco que acaba por se tornar algo grande quando bem elaborado. Martha superou minhas expectativas com esse obra. Mesmo que se trate de uma história de enredo curto, ela é bem desenvolvida. Possui início, meio e fim devidamente demarcados, sem contar o fato de não possuir censura quanto aos assuntos da vida: amor, sexo, relacionamentos, sentimentos e tudo aquilo que inevitavelmente vivenciamos no decorrer da vida.
"Não era mais paixão, nem necessidade, nem costume, era apenas um homem e uma mulher que feito dois vira-latas reconheciam o cheiro um do outro e sabiam o que deveriam fazer — e faziam — sem precisar sorrir, conversar, trocar ideias, sair para jantar, essas preliminares que introduze todas as relações decentes."
Fazia tempo que eu não gostava tanto de um enredo tão simples como esse, afinal, trata-se de uma história humana e eu sou apaixonada pela característica humana presente na ficção. Por fim, concluo que esse é um livro que com certeza leria novamente em um futuro não muito distante e espero apreciar a leitura tanto apreciei na primeira vez. Muito obrigada a você que me acompanhou até aqui. Espero que esteja tendo uma boa semana.

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